Futuro da Shell passa por maior produção de gás

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"O tempo do petróleo fácil acabou". Esse é o lema do vice-presidente executivo global de Inovação e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Shell, Gerald Schotman. Ele é responsável por decidir onde são gastos US$ 1,1 bilhão anuais, pela companhia, no desenvolvimento de novas tecnologias de exploração e produção de petróleo e gás natural e de fontes alternativas de energia. 

Segundo o executivo, a produção maior de gás natural em relação a de petróleo, como ocorreu em 2012 (pela primeira vez na história da petrolífera) é uma tendência para o futuro. "Vamos fazer o máximo em produção de gás. A essência é que o mundo precisa de gás e ele será cada vez mais importante", afirmou Schotman, que veio ao Brasil para participar do 2º Encontro de Inovação da empresa, que aconteceu anteontem, no Rio de Janeiro. 

De acordo com o cientista chefe global da Shell, o gás natural é um combustível "AAA", fazendo analogia aos ratings aplicados pelas classificadoras de risco. Ele explica que o gás tem tripla nota "A" porque é abundante (available, em inglês), de baixo custo e fácil acesso (affordable) e aceitável pela opinião pública (acceptable), por ser menos poluente que o petróleo e o carvão. 

"Temos no mundo reservas de gás natural que poderiam suprir a demanda atual em 250 anos", destacou Schotman. Quanto ao custo, ele ressaltou que a energia produzida por térmicas a gás pode ser duas vezes mais barata que a gerada por usinas a carvão. 

Na área de gás, as pesquisas da Shell são concentradas na ampliação do leque de aplicações para o combustível, como a produção de plástico a partir do energético, no lugar do petróleo. A empresa também se dedica à construção de uma unidade de liquefação de gás natural (GNL) flutuante, em Cingapura e à tecnologia "gas-to-liquid" (GTL), que consiste na produção de diesel a partir do gás. A empresa já possui uma unidade para essa finalidade no Qatar. 

O uso do gás natural representa uma das cinco linhas principais de pesquisa da anglo-holandesa. As outras são as novas tecnologias de exploração de petróleo e gás, o aumento do potencial recuperável nos reservatórios petrolíferos, o desenvolvimento da produção em águas ultraprofundas e a viabilização de fontes alternativas de energia. 

Na pesquisa sobre o aumento do potencial recuperável de petróleo é gás, Schotman destaca que a taxa de recuperação média mundial da indústria do petróleo é de 33%. O crescimento de apenas um ponto percentual desse valor seria possível atender por três anos a demanda de petróleo do planeta. 

No Brasil, a companhia aposta no em um novo sistema de monitoramento sísmico 4D no Parque das Conchas, no bloco BC-10, na Bacia de Campos. A segunda fase do projeto tem o primeiro óleo previsto para o fim de 2013, em 1.700 metros de profundidade. 

O sistema consiste em uma rede de sensores que indica os possíveis locais de acumulação de hidrocarbonetos. A sísmica 4D utiliza a variável tempo para aumentar a precisão dos dados. Na prática, envolve levantamentos sísmicos 3D feitos em diferentes estágios. A tecnologia será importante para definir os locais de perfuração dos poços no BC-10. "Qualquer novo poço será um investimento muito grande e não podemos perder tempo nem dinheiro", diz Schotman. A Shell é a operadora do BC-10, com 50% de participação. A Petrobras tem 35% e a ONGC, 15%. 

Segundo o cientista, na medida em que a Shell for desenvolvendo seu portfólio no Brasil, a companhia pode estudar a criação de um centro tecnológico no país, voltado para as necessidades de negócios locais, possivelmente na exploração e produção em águas profundas.
 
Fonte: Valor Econômico
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